Nestes últimos anos, observa-se um progressivo aumento do número de alunos com deficiência, regularmente matriculados e frequentando as classes comuns de escolas regulares, sendo esta uma realidade nacional e internacional.
Assim como em muitos outros países, o Brasil também trabalha pela construção de um sistema educacional inclusivo, e, tendo em vista a dimensão territorial do nosso país, sua numerosa população e suas diferentes realidades culturais e sociais, percebe-se o longo caminho e o instigante desafio que temos pela frente.
Como uma das formas de viabilizar condições de permanência e aprendizado de alunos com deficiência em escolas comuns, a atual Política de Educação Especial, do Ministério da Educação, apresenta o conceito de Atendimento Educacional Especializado - AEE e já iniciou um grande programa de formação de profissionais da educação para que esta prática se consolide, especialmente nas escolas públicas brasileiras:
O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de assibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas acessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008).
O atendimento educacional especializado não é reforço escolar: ele acompanha e instrumentaliza o aluno durante toda sua trajetória escolar. O recurso humano da educação especial, com o seu conhecimento, é focado numa prática educacional na perspectiva da inclusão e mantém conexão com o projeto educacional das classes comuns da rede regular de ensino. A educação especial deixa de ser substitutiva e passa a ser muito valorizada, agora na sua ação complementar e suplementar à educação.
O atendimento educacional especializado é realizado na sala de recursos multifuncional, que é o espaço localizado na escola de educação básica onde se realiza esse tipo de atendimento. A sala de recursos multifuncional é constituída de mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade, de equipamentos específicos e de professores com formação para realizar o atendimento educacional especializado. (BRASIL, 2008).
Locado no espaço da sala de recursos multifuncional, o professor especializado deverá trabalhar em estreita parceria com a escola, sua equipe diretiva, professores de classes comuns e toda a comunidade escolar. O fato de "estar na" e "ser da" escola, aproxima o professor especialista da realidade enfrentada pelo aluno com deficiência no ambiente escolar e desta forma, o reconhecimento da demanda real de apoio deste aluno poderá ser mais facilmente percebida para que os encaminhamentos para obtenção de soluções sejam providenciados pela intervenção deste profissional.
Além da abordagem pedagógica da educação especial, o professor do atendimento educacional especializado trabalha com as ferramentas tecnológicas específicas às necessidades dos alunos com deficiência. O serviço de tecnologia assistiva na escola tem por objetivo prover e orientar a utilização de recursos e/ou práticas que ampliem habilidades dos alunos com deficiência, favorecendo a participação nos desafios educacionais. A tecnologia assistiva pode ser um recurso facilitador, um instrumento ou utensílio que especificamente contribui no desempenho nas tarefas necessárias e/ou desejadas e que fazem parte dos desafios do cotidiano escolar. O serviço de tecnologia assistiva na educação, portanto, possui perfil propositivo e busca resolver as dificuldades dos alunos, encontrando alternativas para que eles participem e atuem positivamente nas várias atividades propostas no currículo comum.
Fazer TA na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa "fazer" de outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação, a partir de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunicação, mobilidade, escrita, leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração e produção de temas através do computador etc. É envolver o aluno ativamente, desafiando-o a experimentar e conhecer, permitindo assim que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator. (BERSCH, 2006).
Tecnologia assistiva é, pois, a aplicação de conhecimentos a serviço da resolução de problemas funcionais encontrados por pessoas com deficiência. A tecnologia assistiva se propõe a romper as barreiras externas que impedem a atuação e participação das pessoas com deficiência em atividades e espaços de seu interesse e necessidade. No campo da educação, ela se organiza em serviços e recursos que atendem os alunos com deficiência e que têm por objetivo construir, com eles, as condições necessárias ao aprendizado. Visa ampliar a participação do aluno nos processos de aprendizagem, estando, portanto, focada no alcance dos objetivos educacionais.
No Brasil iniciou-se a discussão conceitual de tecnologia assistiva e sua aplicação no campo educacional, especialmente nos programas de formação de professores para o atendimento educacional especializado. As redes públicas de educação caminham para a organização de uma prática de tecnologia assistiva nas escolas e esta acontece a partir do atendimento educacional especializado.
Os professores especializados, que tiveram formação em tecnologia assistiva, e já atuam nas salas de recursos multifuncionais, iniciaram as primeiras ações relativas ao levantamento de necessidades de apoio dos alunos, o exercício da criatividade para resolução de problemas, que é próprio de quem faz tecnologia assistiva e a busca/construção de recursos tecnológicos apropriados às necessidades de seus alunos.
(Tecnologia Assistiva. Recursos e Serviços que promovem a Inclusão Escolar - Rita Bersch)
Para que nossos alunos pudessem usar os recursos disponíveis (notebook, jogos, plano inclinado, painéis de velcro e tantos outros materiais adaptados) realizamos um trabalho com toda a turma. A imagem acima foi um trabalho realizado com uma turma de 6º ano. Para que não houvesse uma agitação na sala a cada novo material utilizado os alunos compreenderam o que é paralisia cerebral, quais as limitações motoras que podem ocorrer e que muitas vezes basta um recurso para que a pessoa com deficiência possa aprender e mostrar tudo o que sabe. Além da dinâmica inicial os alunos assistiram um vídeo que fala sobre paralisia cerebral e ao final o trailler do filme "Meu Pé Esquerdo".
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